A ansiedade é um dos principais desafios de saúde mental da atualidade. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas convivem com esse transtorno em todo o mundo. No Brasil, a situação é ainda mais preocupante: o país ocupa o primeiro lugar no ranking global, com cerca de 19 milhões de brasileiros afetados.

Embora o tratamento tradicional envolva psicoterapia e, em alguns casos, o uso de medicação, especialistas apontam que atividades terapêuticas manuais têm se mostrado eficazes como complemento ao cuidado profissional. Pintura, crochê, costura e até a culinária são alternativas que contribuem para o bem-estar, a autoconsciência e o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento emocional.

Durante uma reportagem especial, a repórter Mack Costa visitou uma aula de corte e costura no Recife. A atividade, além de gerar renda ou promover autonomia, também se apresenta como um recurso poderoso para acalmar a mente.

“Ao se dedicar a algo que gostamos, como uma atividade manual, estimulamos nosso cérebro com pequenas conquistas, o que gera uma sensação de realização e bem-estar”, explica o psicólogo Mateus Xavier. Segundo ele, esses momentos de foco e criação são fundamentais para aliviar os sintomas da ansiedade.

Mateus também destaca a relação entre o excesso de estímulos digitais e o aumento de diagnósticos de transtornos como o TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). “Vivemos em constante alerta, com o cérebro sempre estimulado por telas, notificações, redes sociais. Isso afeta diretamente a nossa capacidade de concentração e contribui para quadros de ansiedade e até crises de pânico”, afirma.

Questionado sobre o tempo ideal de exposição às telas e o uso de atividades manuais como forma de equilíbrio, o psicólogo reconhece os desafios da vida moderna. “É quase impossível se desconectar totalmente, mas é essencial buscar momentos para estar longe dos dispositivos e se dedicar a algo que exija presença e atenção no aqui e agora.”

Para quem já está em meio a uma crise de ansiedade, a recomendação é adotar técnicas de respiração profunda para tentar retomar o controle. No entanto, Mateus reforça que, em casos mais intensos, é indispensável procurar ajuda profissional. “Se houver sintomas como falta de ar ou perda de mobilidade, a ida a uma emergência é necessária”, alerta.

A reportagem também conversou com alunas da oficina de costura, conduzida pela designer e professora de moda Duda Galvão. Muitas delas encontraram na atividade não apenas uma forma de ganhar dinheiro extra, mas também um refúgio emocional.

Ao final da entrevista, o especialista deixou uma dica valiosa: “Desenvolva um hobby que desacelere o seu corpo e sua mente. Pode ser costurar, cozinhar, pintar… O importante é encontrar um equilíbrio entre o corpo e a mente. Isso é o que realmente fortalece a saúde mental.”

A lição é clara: parar, respirar e usar as mãos para criar pode ser um caminho eficaz para enfrentar os desafios da mente e viver com mais equilíbrio e bem-estar.